quinta-feira, 24 de abril de 2014

Provei os "TOP 10" da Expovinis 2014. O resultado foi justo?


Na terça-feria 23/04, pela manhã, ainda antes da abertura oficial da Expovinis 2014, em evento realizado para alguns convidados, foi divulgado o resultado da eleição dos TOP 10 deste ano. Como sempre, os vinhos são classificados por categorias e avaliados por um conceituado painel de degustadores, que conta com alguns dos mais influentes nomes do mercado do vinho do Brasil.

Um pouco mais tarde, já na feira, fui atrás dos destaques para prová-los e assim poder confirmar (ou não) sua condição de “campeão”.

A tarefa não foi das mais simples, já que a gama de vinhos a provar era muito extensa, mas com alguma disposição e ajuda da nova colaboradora do Vinho SIM, Talita Martinez, conseguimos provar um número significativo de rótulos e assim construímos uma opinião relativamente bem parametrizada e objetiva sobre o TOP 10 2014.

E o resultado disso tudo?

Na categoria Espumante Nacional, o campeão foi o Grand Legado Brut Champenoise, da vinícola Gran Legado, região de Garibaldi - RS. Realmente é um ótimo espumante e consideramos o resultado justo, porém, durante a feira, provamos outros que consideramos mais interessantes, caso do lançamento da Aracuri e dos já consagrados produtos da Perini e da Campos de Cima.

Na categoria Espumante Importado, o Champagne Lanson Brut, do produtor Lanson, levou o prêmio. Consideramos esta avaliação a mais difícil, pois há grandes vinhos nesta categoria e a escolha ficou de bom tamanho.

Na categoria Branco Nacional, o Pericó Vigneto Sauvignon Blanc, da Vinícola Pericó, de Santa Catarina foi o destaque. Gostamos do vinho  e também gostamos de outros, porém nos chamou à atenção o fato de que nenhum deles nos encantou. Acreditamos que algumas das melhores amostras de vinhos brancos nacionais não estavam presentes na feira, o que prejudica a análise e, de forma, esvazia um pouco a conclusão de "melhor branco nacional".

Para a categoria Branco Importado, a escolha do Boschendal Elgin Chardonnay, do produtor Boschendal, da África do Sul, sem dúvida é muito boa, mas nosso preferido foi o Prelúdio Branco, da uruguaia Família Deicas, um dos destaques do excelente estande da Wines of Uruguai.

Na categoria Rosado, os vinhos do Loire passeiam quase sem concorrentes e, sendo asism, há muitas boas escolhas, dentre as quais o escolhido Remy Pannier Rose D’Anjou, do produtor Ackerman, Vale do Loire, França é, certamente, uma delas.

Na categoria Tinto Nacional foi onde houve a maior convergência entre o resultado do júri, o Guatambu Rastros do Pampa Tannat, do produtor Guatambu Estância do Vinho, região da Campanha Gaúcha e a nossa, do Vinho SIM, já que se trata realmente de um vinho muitíssimo qualificado, com atributos que certamente o colocam não somente como destaque entre os vinhos nacionais, mas sim entre os melhores da América do Sul, principalmente na sua faixa de preço.

Na categoria Tinto Novo Mundo a escolha foi para o Casillero del Diablo Devil’s Collection, da Viña Concha y Toro, Vale do Rapel, Chile. Nesta categoria encontramos uma grande dificuldade em definir um campeão. Não por falta de produtos de qualidade, mas sim pela semelhança entre muitos dos produtos dentre os mais destacados de várias vinícolas. A maioria dos chilenos e argentinos topo de gama apresentados na feira, mostram uma boa concentração de fruta, acidez média e muitos toques aromáticos e gustativos aportados pelo envelhecimento em madeira, um estilo que é cada vez mais universal e, infelizmente, torna os vinhos muito parecidos.
Considerando o exposto, cremos que a escolha do juri pode ser considerada adequada, embora nossos preferidos recaiam sobre os uruguaios de maneira geral, com destaques para os vinhos do produtores de Lucca e Narbona com seus vinhos autênticos e de estilo "rústico fino" muito interessantes. 

Na categoria Tinto Velho Mundo/Itália/França, entre outros a escolha do Le Vigne Di Sammarco Solemnis Primitivo Salento IGP, do produtor Le Vigne di Sammarco, região da Puglia, Itália também nos foi um pouco surpreendente, já que o vinho destacado, embora seja um ótimo produto, não nos impressionou. Nosso escolhido é o Brunello di Montalcino Riserva 2007 do produtor Collelceto (Elia Palazzesi), Itália.

Possivelmente na categoria Tinto Velho Mundo/Península Ibérica foi onde encontramos os produtos mais interessantes desta edição da Expovinis, com muitas novidades e vinhos bastante autênticos, muitos ainda sem importadora, mas que devem surgir nos catálogos em breve. Gostamos da escolha do júri, o Scala Coeli, da Adega Alentejana, região do Alentejo, Portugal, mas nossa escolha vai para Reserva 2008, da Comenda Grande, também da região do Alentejo, Portugal, apresentado pelos próprios donos da vinícola no estande da importadora Jobtotal.

Finalmente, na categoria Fortificados e Doces, cuja escolha do júri foi para o Andresen Porto White 10 Years, do produtor Andresen, região do Douro, Portugal, nossa escolha vi para o Porto Golden White Colheita 1971, da vinícola Dalva, Portugal. O pequeno estande da vinícola, aliás, é um dos pontos imperdíveis desta Edição da Expovinis.

Que conclusão pode-se tirar disso tudo?

Como acontece em todos os anos, há polêmicas no resultado oficial da Expovinis e, embora não tenhamos concordado com algumas escolhas, é prudente ponderar a dificuldade de avaliar tantas amostras e cravar um resultado final.

Para dúvidas, comentários, críticas e sugestão, deixe sua mensagem abaixo.

10 comentários:

  1. Gostei muito dos comentários e de alguém que finalmente dá sua opiniao pessoal sobre o assunto. Também acho válido comentar que os vinhos escolhidos sao aqueles da feira e que muitos (bons) vinhos nacionais deixaram de participar.
    Parabéns pelo post!

    Alessandra Esteves
    www.damadovinho.com.br

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  2. Realmente, frente a tantos, creio que muitos não mereciam estar aqui na lista, sem dúvida!

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  3. Fico feliz pelo seu profissionalismo, pois estava difícil provar os vinhos brancos e tintos do Brasil. Infelizmente não provei o vinho tinto que vcs elegeram como o melhor Brasileiro. O vinho de corte de várias castas que uma vinícola brasileira divulga como o vinho da copa, sem comentário, para não ser rude. Sua percepção de Alentejo e tbm Uruguai, concordo plenamente. Na realidade não encontrei algo muito representativo da Argentina e do Chile, e nem do velho mundo. Em minha opinião essa feira não pode ser representativa e dificilmente será, se continuar com esse formato. O que me deixou frustrado foi perceber que os espumantes brasileiros não estão seguindo uma curva ascendente, ao contrário, não encontrei virtudes que sempre me fizeram aclama-los. Para mim, foi uma feira marcada por mesmices do vinho Italiano e produtores não conhecidos do Loure e do Sudoeste da França, pedindo pelo amor, para alguma importadora Brasileira, sem desfazer dos produtos do Loure, que pra mim eram os mais finos. Tive uma Palestra e degustação com Rui Falcão, que apesar da falta de estrutura local, pude escutar quase toda sua locução, pois o barulho de outras salas era quase infernal. Não sei quem produz esse evento, mas acho que precisa de forma urgente tecer sugestões de especialistas do mundo do vinho, jornalistas, blogueiros de qualidade como o vinho sim, e uma nova logística muito mais qualitativa e representativa no que existe de melhor no mundo do vinho. Bem essa é minha humilde, mas verdadeira opinião.

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  4. Obrigado, Alê!

    Fico feliz em saber que pessoas como você, que escreve frequentemente e sempre procura tecer sua opinião verdadeira sobre vinhos, visite o Vinho SIM e goste das matérias.

    É a famosa, "audiência qualificada"!

    Um abração.

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  5. Na realidade os títulos deveriam ser por exemplo, o melhor vinho tinto nacional NA EXPOVINIS.
    Parabéns pela independencia de opinião.

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  6. Não sei se o termo "merecido" é correto, Nilson, mas que o resultado é discutível, isso é.
    Obrigado pela visita e pelo comentário.

    Abraço.

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  7. Bruno,

    realmente seria uma boa decisão dos idealizadores da Expovinis usar o termo "Melhor ... NA EXPOVINIS", mas será que há humildade pra isso?

    Enquanto isso continuamos trabalhando para levar um pouco mais de informação pra quem está de fora.

    Muito obrigado pelas considerações, conte com o Vinho SIM sempre que precisar.

    Abraço.

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  8. Epifânio,

    Obrigado pelo seu comentário sobre o nosso vinho Comenda Grande Reserva Tinto 2008. É para nós um grande orgulho que tenha degustado e gostado deste vinho que fazemos com tanto amor e carinho.
    Abraço grande desde o Alentejo em Portugal
    Nuno Noronha Lopes

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  9. Riverlei,

    obrigado pelas palavras. Assim, como eu disse pra Alê, está cada vez mais raro encontrar pessoas que realmente expressem sua opinião verdadeira, por isso fico muito feliz em saber que o Vinho SIM tem leitores procurando isso. É pra vocês que eu escrevo!

    É a "audiência qualificada" que eu procuro quando escrevo cada matéria.

    Permita-me apenas discordar de você quanto à generalização dos 'vinhos italianos'. Realmente provei alguns exemplares bem "sem graça" durante a Expovinis, mas a cooperativa Las Spiga esteve muito bem representada, trazendo alguns Brunellos que eu tive a oportunidade de provar um dia antes num jantar em São Paulo que realmente agradaram bastante. Vinhos cheio de vida e, principalmente, personalidade. A pena fica por conta do preço que, em geral, chegam ao mercado brasileiro.

    Mais uma vez obrigado por prestigiar o Vinho SIM!

    Um grande abraço.

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  10. Nuno,

    vocês merecem todo o reconhecimento.
    Seus vinhos têm realmente muita personalidade e refletem toda a paixão e respeito que vocês têm pela viticultura. Espero que a Comenda Grande tenha grande sucesso no Brasil, pois merecem!

    Obrigado pela visita e comentário aqui no Vinho SIM!

    Abração.

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